Archive for maio 11, 2010
GP Israel Freitas de Ciclismo – Macapá – AP
Correr de bike em Macapá foi uma das coisas mais legais que já fiz na vida! Entendam o porque:
Minha equipe tem 8 atletas devidamente federados e confederados na categoria Elite. Felizmente fui escalado pra essa prova onde somente 4 atletas correriam. Por questão de economia, claro. Afinal de contas, é mais caro viajar pra lá do que ir pra Argentina saindo de São Paulo, por exemplo.
Saimos de Guarulhos na sexta por volta das 3 da tarde. A Gol está com uma estranha mania de remanejar seus passageiros pra uma outra companhia aérea chamada PUMA AIR (deve ser do mesmo dono, sei lá). Mas tudo bem, a Puma é tão boa (ou tão ruim) quanto a Gol. Escala em Bélem, sem trocar de avião, mas tivemos que ficar uma hora e meia dentro da aeronave esperando pra decolarmos rumo ao nosso destino final, Macapá!
No modesto Aeroporto Internacional de Macapá pegamos o Voyage que tinhamos alugado e fomos conhecer o hotel e comer. Jantamos duas pizzas tamanho famila e voltamos pro Aeroporto pra buscar o Zomer que vinha de Londrina. O Coitado teve que pegar 4 aviões até chegar em Macapá. Fomos dormir mais de 1 da manhã! Morto, dormi como uma pedra na confortavél cama box do hotel.
Acordamos por volta de 8 e meia da manhã, tomamos um belo café da manhã e fomos rodar leve na avenida que beira o Rio Amazonas. Foi ai que conhecemos nosso mais cruel e impiedoso adversário, o calor infernal da linha do Equador! Na noite anterior, quando chegamos, sentimos muito calor, mas de dia pudemos perceber que o calor associado a alta umidade tem o poder de deixar um sulista pedindo arrego. Rodamos pelas ruas da capital e por alguns pontos turísticos como a imponente Fortaleza de São José. O transito beira o caos, os carros não dão seta e não respeitam muito as placas de pare. Vi muito pouco a policia também. Tiramos umas fotos, conhecemos umas gatinhas e voltamos pro Hotel pra almoçar. De tarde, o bicho ia pegar!
Conseguimos colocar 3 bikes, rodas reserva, comida, agua e tudo mais dentro do Voyajoso e fomos pra AP – 070 onde seriam realizadas as provas. No caminho vimos um acidente entre um carro e um busão que tinha acabado de acontecer (mais tarde vimos na TV que duas pessoas do carro tinham morrido). No caminho, me impressionei com a estrada 100% plana. Passamos pelo balneário de Curiaú onde as pessoas de deliciavam na agua que alaga a planície nos meses de chuva. Na mesma agua, uns 2 kilometros dali, búfalos pastavam só com metade do corpo pra fora d’água. Tudo muito bonito, mas o calor castigava demais. Os amapaenses riam da cara que fazíamos quando eles falavam que estavam no inverno por lá e que se fosse julho, seria bem pior! Ao chegarmos no local da prova, encontramos nossos conhecidos “paulistas”, Careca, Maminha e Raul de Ribeirão Preto. Bozó, Adriano e Coloca de Sorocaba. Além deles, a forte equipe do Pará, atletas do MT , de outras cidades proximas a Macapá e atletas da cidade já estavam no local.
Contra relógio de 10kms, com pouco vento e muito plano! Fomos embora sem saber os resultados. A noite soubemos que o Marcus tinha sido segundo, Zomer 8º, eu 11º e o Hallyson 15º. Marcus e Zomer fizeram de bike de crono, capacete de crono e rodas Zip 404. O vencedor, Adriano Martins de Sorocaba, fez com uma Scott Plasma de TT, o terceiro colocado, da equipe do Pará, fez com uma Felt “cabrita” tb. Eu fiz com a minha bike mesmo, apenas coloquei um clipe de triatlo, sem os shifters, só pra ter uma pegada mais aerodinamica mesmo. Por conta disso fiquei feliz. Meu técnico também ficou contente com os resultados.
Descansamos a tarde e a noite, depois do jantar, fomos dar uma voltinha pela Orla. Nada demais. Voltamos cedo pra dormir bastante e descansar pra corrida do dia seguinte. Apesar da chuva, o calor continuava. No quarto do hotel, ar condicionado no máximo, pra poder dormir tranquilo.
Acordamos no domingo com uma chuva que Deus mandava! Fomos pedalando pra largada que ficava a uns 7 kms do hotel. No caminho a chuva não dava trégua; Mas tem algo diferente com a chuva de lá. Por conta do forte calor, a chuva chega a ser morna!!! Isso deixa tudo mais agradável. Pedalamos até a largada conversando e falando sobre a tática pra corrida.
A prova foi muito tática mesmo, com as equipes de marcando muito. Éramos 4 e cada um estava marcando um atleta de Sorocaba ou de Ribeirão. Estávamos trabalhando pro Marcus que estava melhor colocado por conta do Crono. Uma fuga que tinha o Bozó e o Careca junto com 2 atletas do Pará abriu muito. A situação ficou muito ruim pra nós. Fuga abrindo e abrindo sem nenhum atleta nosso! No carro o Walter, nosso técnico, deve ter pirado! Nosso capitão Anderson Zomer me deu a ordem: “Chame alguém pra revezar e se sacrifique”. Um passista muito forte da Equipe do Amapá rodou na ponta comigo por uns 10 km. Vendo que a empreitada estava funcionando, Zomer mandou o Hallyson me ajudar também. Mais 10 kms levando na ponta! Fomos respeitados o tempo todo, ninguém atacou ou tentou atrapalhar nossa escalera. Depois de MUITO trabalho duro, neutralizamos a fuga! A lenha voltou a rolar com vários ataques dos valentes paraenses, sempre com algum Ribeirão ou Sorocaba na roda. Furei o pneu traseiro e tive que perseguir o pelotão sozinho por cerca de 4 kms. Consegui retornar ao bloco, mas não sem gastar muita energia!
Retornamos no fim do trecho asfaltado da AP – 070 e a coisa começou a ficar mais feia. Eram ataques e mais ataques de todas as Equipes. Tentei sair varias vezes, assim como todos nós. A uns 35 kms do fim da prova, os ataques provocaram um corte no pelotão. Marcus, Raul e Bozó ficaram no corte. Zomer, Hallyson e eu ficamos na frente. Os ataques aumentaram em quantidade e em vontade de escapar. Faltando 20 kms uma fuga do Coloca e um paraense acabou rendendo. Eu estava sem forças pra puxar. Resolvemos tentar apenas controlar o bloco e trabalhar na chegada, era o mais inteligente a fazer pois, com o bloco da frente parado o Marcus pode retornar ao bloco principal. Com nosso atleta mais bem colocado no pelotão de novo, nossa missão era impedir novas fugas e trabalhar na chegada.
Chegada tensa! Faltando 350 metros o Marcus foi arrancar e acabou caindo feio. Freei nessa hora e perdi posições. Hallyson foi o sexto colocado na prova (quarto na chegada do pelote) e o Zomer oitavo. Eu fui o décimo.
Uma pena o Marcus ter caido! Se batesse a chegada ele estaria no pódio geral da prova. Ele cruzou a linha todo ralado e com a bike zoada na 19º colocação.
Marcamos cerca de 120 pontos no ranking. Marcus acabou em quarto, Hallyson em oitavo, Zomer em décimo e eu em 12º.
A volta pra casa foi, como não podia deixar de ser, longa e cansativa! algumas horas esperando no aeroporto de Macapá (Com direito a foto ao lado da talentosa cantora Kelly Key – sim, estou sendo muito irônico). Mais 3 horas esperando no Aeroporto de Brasilia, uma viagem de Van de Sampa até Araras, mais uma hora na rodoviária, mais duas horas de bus e cheguei em casa as 6 da tarde de ontem, 15 horas depois que saí da Macapá e há quase 40 horas sem dormir (não, eu não durmo em aviões e ônibus).
Ficou a sensação de dever cumprido, a certeza de que o grupo se fortaleceu e que estamos incomodando, no bom sentido, as outras equipes. Ficou também a saudade de um estado que usa a mesma moeda que nós, fala a mesma língua e só isso. De resto, é mesmo outro país. Com seu povo alegre e acolhedor, suas morenas bonitas e sorridentes e suas estradas planas e quentes.
Largada do Crono...
Que droga…..
Má noticias….
Meu amigo Vanderlei Veloso Braga, o Vande, sofreu um acidente de moto a caminho da Faculdade ontem. Liguei ainda a pouco pro meu amigo Danilo lá em Piracicaba, onde mora o Vande, e soube que ele se envolveu em um acidente com uma carreta, sofreu uma fratura exposta na tíbia, teve problemas com os pulmões e quebrou ossos na face. Apesar do estrago está fora de perigo!
Vande foi meu companheiro na Equipe de Piracicaba e se tornou um bom amigo. Trata-se de um profissional atleta, pai de um menino pré adolescente. Atleta dedicado ele acumula vitórias em etapas do Paulista de Resistencia, 1º de Maio e Volta do ABC entre outras provas. Um ser humano notavél e um grande atleta.
Estamos na torcida pela sua rápida e efetiva recuperação meu bróder…
Vande largando no Paulista de Crono ano passado!
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