Archive for maio 17, 2010

Depoimento de um viciado….

Só por hoje vou ficar sem a minha “droga”. Aprendi essa frase na época em que frequentei um Grupo de Apoio a viciados em droga, o AE – sigla pra AMOR EXIGENTE –  A idéia é acordar todo dia e dizer que – só por hoje  – vc não vai usar a sua droga de preferência. Dessa forma, da pra ir levando a vida até se recuperar 100% do vicio (o que alguns dizem que é impossível)

Boa tarde, meu nome é Eliel Balbino e eu sou viciado em vácuo de caminhões e carretas. No começo, quando fui apresentado ao meu atual vicio, não passava de 60 kms por hora. Mas cada vez queria mais. Depois que quebrei a barreira dos 100kms por hora, passei a ficar mais “corajoso” e a querer velocidades cada mais altas. Cheguei a andar 70kms atrás de um caminhão de telhas passando dos 120kms por hora. Eu não me orgulho de nada disso!

Decidi paras e, com a ajuda dos amigos, já estou a 3000 kms sem pegar vácuo!Eles me contam historias de ciclistas que perderam os dentes e até a vida em acidentes que ocorreram em conseqüência do vácuo de carreta! É uma droga potente e perigosa – altamente viciante. Só por hoje companheiros, vou pedalar sozinho, sem a “ajuda” de carretas de Suco de Laranja ou de Caminhões de Telhas. Só por hoje….

maio 17, 2010 at 6:24 pm 1 comentário

Entrevista #3 – Aline Paroliz – final

Na primeira parte de sua entrevista ao VIGORELLI, Aline contou como fez a “transição” da natação para o triatlon, e do triatlon para o ciclismo. Falou de seu titulo nacional no CRI em 2009 e de sua participação no Pan Americano de ciclismo. Nessa segunda e ultima parte, ela conta a emocionante história de seu acidente nos Jogos Abertos. Fala de todo o seu sofrimento, do seu retorno e de seus planos para o futuro. Acompanhem:

VIGORELLI – Chegou outubro, os Abertos, acabou rolando o acidente. Como foi de verdade?

Aline – Poxa, eu estava bem preparada pros Jogos. O acidente foi na prova de Critério por Pontos. Logo nas primeiras voltas, estava na frente com mais 3 atletas. Da direita pra esquerda, estava a Naty (Natalia Lima, Equipe Scott), a Val (Valquiria Pardial, Equipe de Pinda), eu e a Fernanda Souza (Equipe de Pinda). Eu não ia disputar a meta, estava ali porque minha intenção era atacar logo após o sprint. A Naty e a Val partiram primeiro. A Fernanda estava do meu lado esquerdo e quando ela viu as meninas partindo, ela partiu também, sem perceber que estava do lado dela. Acabou me derrubando. Caí na pista e como o pelotão vinha vindo, várias passaram por cima de mim. A Fernanda, ao bater em mim, caiu por sobre o canteiro e nada sofreu. A coroa de uma ciclista acertou a minha testa e fez um buraco nela. No hospital, fiz a sutura na testa, raios x, tomografia. Nada foi constatado. Durante a sutura, comecei a sentir muita dor no ombro esquerdo (mais tarde fui saber que há um nervo ligado ao fígado que passa ali). Então o médico me mandou outra vez pro raio x. Quando estava para ser liberada, comecei a vomitar, me medicaram e decidiram que eu deveria permanecer lá. Mais tarde comecei a sentir dores abdominais. Como o médico que fazia a ultra-sonografia não estava no hospital, tive que esperar. Mais tarde, o exame de ultra-som mostrou que tinha sofrido um trauma grande no fígado e que deveria permanecer internada. O médico me explicou que era grave, mas como doía pouco achei que não deveria ser tão grave assim.

V – Quanto tempo ficou nesse hospital?

A – Era um PS na verdade. Quando me vi sozinha, toda ensangüentada, e sabendo que não poderia sequer levantar da cama ou comer, chorei muitor. A dor piorou e não passava com remédio algum, era uma dor incrível. Fiquei 2 dias nesse PS, depois fui transferida pra um Hospital onde permaneci por mais 11 dias.

V- E como foi ficar por lá?

A – Fiquei uns 5 dias sem comer, só no soro. Quando minha mãe ligou pra saber como eu estava eu menti! Disse que tinha caído, mas estava bem, que só estava lá em observação. Mas ela não acreditou. Quando soube ficou muito preocupada.

V – Ela deve ter ido correndo te ver.

A – Sim, saiu de Jaú (Jaú, interior de SP, onde Aline vive com a mãe) e no dia seguinte já estava lá comigo. Depois de 11 dias tive alta e voltei pra casa. Disseram que eu ficaria boa logo, bastava repousar. Mas os meus problemas só estavam começando. Voltei pra casa e repousei. Mas como me conheço bem, sabia que não estava bem, que tinha algo errado. Procurei outro médico e foi aquela correria. Voltei a sentir dor, muita dor. E comecei a vomitar tudo que comia. Esse sangramento dentro do fígado comprimiu o estomago e o pulmão. No dia 10 de dezembro, 2 meses depois de ter caído, fiz a primeira cirurgia. Uma vídeo laparoscopia. Retiram 2 litros de sangue e fiquei com o dreno por 20 dias. Passei o natal com o dreno, mal podia me mexer. Quando tirei o dreno senti MUITA dor. O médico pediu uns exames e decidiu que me operaria de novo. Era 29 de dezembro. Por incrível que pareça não senti medo algum porque confiava no médico. Era uma operação mais complicada que a primeira. Me abririam no meio, literalmente. E estava consciente que havia risco de vida como qualquer cirurgia. Foram 4 horas de cirurgia. O pós cirúrgico foi terrível. Fiquei com uma sonda nasogástrica que um dia, tive que arrancar senão enlouqueceria. Foi um episódio engraçado até. Eu sou míope e estava sem lente ou óculos, pensei em me matar pulando a janela do quarto do hospital. A enfermeira não quis tirar a sonda mesmo eu implorando pra ela tirar. Depois de pensar um pouco resolvi que ao invés de me matar iria arrancar a sonda. Descolei aquele negócio da minha testa e comecei a puxar. Tinha metros daquele negócio dentro de mim (rsrsrsrsrsrsrs). Mas foi um alivio! Rezei pra não vomitar de novo, porque senão eles passariam a sonda de novo. Mais tarde, coloquei os óculos e pude ver melhor a janela de onde queria me jogar. Além de ser no térreo tinha uma grade que eu não tinha conseguido ver sem os óculos (rsrsrsrsrsrsrs).

V – É, vc passou mesmo por maus bocados! Tirou muitas lições de tudo que viveu?

A – Tem um episódio bem triste, mas que vou levar de lição pelo resto da vida. O hospital onde eu estava é referencia em câncer. No dia em que o médico me liberou pra comer, queria muito comer, mas não consegui. Acabei chorando por isso, tava muito sensível e emotiva. Olhei pra minha companheira de quarto, ela estava chorando porque não conseguia comer também. Foi ai que pensei que em alguns dias eu estaria em casa, comendo normalmente. E ela? Ela chorava porque sabia que não ia conseguir comer. Percebi que meu problema era mínimo perto do dela, que faleceu dias depois.

V – E nesse processo todo da sua recuperação, pode contar sempre com os amigos e a família?

Minha família esteve muito presente, minha mãe, minhas tias e primas. Alguns amigos do ciclismo me ligavam sempre também.

V – E como foi voltar depois de tanto tempo e tanta luta? (Aline competiu pela primeira vez depois do acidente no mês de Abril na etapa de Piracicaba do Paulista de Resistência)

A – Ah, foi bom demais! Fiquei em êxtase a semana inteira antes da prova. Agradeço a Deus todos os dias por poder voltar a fazer o que mais amo! Claro que senti muitas dificuldades em Piracicaba. Ainda bem que não tiveram muitos ataques, porque as pernas inchavam.

V – Parece que vc não perdeu o jeito, acabou ajudando a Camila ali na reta oposta (Camila, colega de equipe da Aline, foi a segunda colocada na prova)

A – Fiquei muito satisfeita. Não sei se fiz a diferença, mas me senti muito feliz!

V – E quanto aos planos pra 2010. Quais são seus objetivos?

A – Bem, quero pelo menos poder disputar o Brasileiro de CRI. Porém ainda estou dependendo das respostas do meu organismo. Mas pro segundo semestre quero fazer uma preparação mais sólida.

V – Bem Aline, os “microfones” estão abertos pra vc agradecer quem vc achar que merece ser agradecido:

A – Primeiro, agradeço todos os dias a Deus por poder voltar, pela minha saúde de ferro e a minha motivação infinita. Agradeço a minha mãe pela sua total dedicação todos esses meses. Meus amigos, tantos amigos que me ligaram, me apoiaram, minha família. A Deus, e a todos que torceram e rezaram por mim.

Aline com a Maira e a Camila em uma etapa do Campeonato Metropolitano em algum lugar da baixada Santista...

Fazendo o que mais gosta....acelerar!

maio 17, 2010 at 11:52 am Deixe um comentário


Agenda

maio 2010
S T Q Q S S D
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

Posts by Month

Posts by Category